Revista da Dança - Um pouco do Sapateado no Brasil
22/10/2012 15:38
Quem não é do meio talvez não saiba que o sapateado evoluiu da época dos musicais de Hollywood dos anos 1920 aos anos 1960. Hoje, entre os destaques, estão nomes como Jason Samuels Smith, Savion Glover, Chloe Arnold, Michelle Dorrance, Dormeshia Sumbry Edwards, Star Dixon, Jumaane Taylor, Bril Barret, com seus movimentos ousados, cheios de swing. O sapateado cresceu, popularizou-se. “Hoje, há diversos festivais pelo mundo, com destaque para a Alemanha e a Suíça. No Canadá e Japão, o movimento é grande. Mas o grande pólo ainda é os Estados Unidos. Festivais como Tap City (NY), DC Tap Festival em Washington, St. Louis Tap Festival, Chicago Tap Festival, LA Tap Festival, são os grandes destaques por lá”, diz a bailarina Christiane Matallo. “As crianças, hoje em dia, parecem que já nasceram sabendo sapatear. Muitas fazem passos e dançam como adultos do ponto de vista técnico e de limpeza de pés e sons.”
A sapateadora Juliana Garcia compartilha da opinião de Christiane sobre a importância dos americanos nesta dança, que faz parte da cultura popular do país. “Por terem muitos adeptos há um calendário descentralizado, com apresentações, espetáculos, encontros, trocas e intercâmbio entre grandes sapateadores, durante todo o ano”.
Para Steven Harper, sapateador americano residente no Brasil, a cena em Barcelona também merece reconhecimento. “É muito criativa. Um dos destaques locais é Guilherme Alonso.”
No Brasil, a arte do sapateado vem sendo difundida cada vez mais. A demanda por aulas tem crescido.

Redigida em: 25/05/2012
Ritmo em evolução
Por Alexandre Staut
Não há quem não conheça duas virtuoses do sapateado, Fred Astaire e Gene Kelly, que popularizaram esta dança, esbanjando charme em dezenas de filmes. Não tão divulgada como as cenas de Dancing Lady (1933), primeiro filme de Astaire, e Cantando na Chuva (1952), com coreografia de Kelly, é a história desta arte, surgida, como diz a história, de um híbrido entre ritmos folclóricos irlandesas, do Século 5, misturados a passos dos escravos africanos, com toda sua sofisticação de movimentos de pés e pernas. Hoje, dia em que se comemora o Dia Internacional do Sapateado, data de aniversário de Bill Bojangle Robinson (1878-1949) - um dos precursores desta dança – a Revista de Dança traz um especial com ensaio de Rosane Pavam sobre a arte de sapatear (veja aqui), além de convidar artistas brasileiros para dividirem com os leitores suas impressões sobre a cena atual.Quem não é do meio talvez não saiba que o sapateado evoluiu da época dos musicais de Hollywood dos anos 1920 aos anos 1960. Hoje, entre os destaques, estão nomes como Jason Samuels Smith, Savion Glover, Chloe Arnold, Michelle Dorrance, Dormeshia Sumbry Edwards, Star Dixon, Jumaane Taylor, Bril Barret, com seus movimentos ousados, cheios de swing. O sapateado cresceu, popularizou-se. “Hoje, há diversos festivais pelo mundo, com destaque para a Alemanha e a Suíça. No Canadá e Japão, o movimento é grande. Mas o grande pólo ainda é os Estados Unidos. Festivais como Tap City (NY), DC Tap Festival em Washington, St. Louis Tap Festival, Chicago Tap Festival, LA Tap Festival, são os grandes destaques por lá”, diz a bailarina Christiane Matallo. “As crianças, hoje em dia, parecem que já nasceram sabendo sapatear. Muitas fazem passos e dançam como adultos do ponto de vista técnico e de limpeza de pés e sons.”
A sapateadora Juliana Garcia compartilha da opinião de Christiane sobre a importância dos americanos nesta dança, que faz parte da cultura popular do país. “Por terem muitos adeptos há um calendário descentralizado, com apresentações, espetáculos, encontros, trocas e intercâmbio entre grandes sapateadores, durante todo o ano”.
Para Steven Harper, sapateador americano residente no Brasil, a cena em Barcelona também merece reconhecimento. “É muito criativa. Um dos destaques locais é Guilherme Alonso.”
No Brasil, a arte do sapateado vem sendo difundida cada vez mais. A demanda por aulas tem crescido.
Foto: divulgação
Christiane Matallo, uma das artistas mais completas da cena nacional: sapateado e sax ao
mesmo tempo
mesmo tempo
Aqui, os profissionais incorporam ritmos locais, como o samba, a bossa nova, o xaxado, com ginga própria do caldeirão cultural que forma o País.
Kika Sampaio, bailarina, professora e consultora, da Revista de Dança, diz que nos últimos trinta anos muita coisa mudou. “Atualmente, tudo se permite. Existem pensamentos diferentes sobre a arte e isso é muito bom”, diz. O bailarino Leonardo Sandoval concorda. “O jeitinho brasileiro vem diferenciando o estilo do sapateado brasileiro do americano. Nossos ritmos, nossas cores e nossas danças agregam uma levada carismática e divertida ao tap”.
Christiane Matallo diz que sentiu a evolução de quando iniciou seus estudos até agora. “Nos anos 1970, tudo era muito caseiro. As pessoas eram autodidatas no Brasil. Foi na década de 1990, que houve uma explosão por conta dos profissionais estrangeiros que vieram para cá”. Ela diz que nossa diversidade cultural
Kika Sampaio, bailarina, professora e consultora, da Revista de Dança, diz que nos últimos trinta anos muita coisa mudou. “Atualmente, tudo se permite. Existem pensamentos diferentes sobre a arte e isso é muito bom”, diz. O bailarino Leonardo Sandoval concorda. “O jeitinho brasileiro vem diferenciando o estilo do sapateado brasileiro do americano. Nossos ritmos, nossas cores e nossas danças agregam uma levada carismática e divertida ao tap”.
Christiane Matallo diz que sentiu a evolução de quando iniciou seus estudos até agora. “Nos anos 1970, tudo era muito caseiro. As pessoas eram autodidatas no Brasil. Foi na década de 1990, que houve uma explosão por conta dos profissionais estrangeiros que vieram para cá”. Ela diz que nossa diversidade cultural
acabou resultando numa forma de sapatear única. “O sapateador brasileiro tem malemolência, soltura nos quadris e malícia. Por vivermos num país tropical algumas questões ajudam no desempenho técnico do sapateado. Quando vemos um sapateador brasileiro em cena é poético. Ele não só quebra o chão como encanta com seu estilo”, diz a bailarina.
Nos dias atuais, o que vemos no Brasil é um número grande de sapateadores em busca do próprio estilo, tanto rítmico quanto corporal. Como diz Renata Defina, “há alguns anos, os bailarinos brasileiros imitavam o estilo dos americanos. Hoje, todavia, nosso sapateado está maduro, tem maior repertório, a ponto de ousar mais e mostrar uma linguagem própria.” Ela observa que muitos sapateadores brasileiros têm estudado música, principalmente a percussão, o que é fundamental para esta arte, já que o sapateado é música e dança ao mesmo tempo.
Nos dias atuais, o que vemos no Brasil é um número grande de sapateadores em busca do próprio estilo, tanto rítmico quanto corporal. Como diz Renata Defina, “há alguns anos, os bailarinos brasileiros imitavam o estilo dos americanos. Hoje, todavia, nosso sapateado está maduro, tem maior repertório, a ponto de ousar mais e mostrar uma linguagem própria.” Ela observa que muitos sapateadores brasileiros têm estudado música, principalmente a percussão, o que é fundamental para esta arte, já que o sapateado é música e dança ao mesmo tempo.
Veja a seguir as considerações de 15 sapateadores brasileiros sobre a cena atual
Ana Paula Veneziani é professora, coreógrafa, bailarina e diretora de sapateado no Ballet Ana Araújo de São José dos Campos
Ana Paula Veneziani
“Sou otimista quanto ao futuro do sapateado. Companhias com ou sem incentivo do Governo estão divulgando o tap com muita qualidade. Exemplos: Pé na Tábua, da Renata Defina; Cia de Tap Christiane Matallo; C.C.S Thiago Marcelino; Banana Brodway, do Samuel Faez, entre outras.”
Bia Mattar, de Florianópolis, é sapateadora, professora, curadora artística e jurada de diversos festivais
Bia Mattar
"Fui educada na old school do sapateado. Hoje, o cenário brasileiro tem um sapateado bem parecido com o dos americanos. Procuro contar as histórias do sapateado, tenho palestras teóricas preparadas para informar os alunos. Com a oferta de informações disponíveis pela internet, um manancial de passos e de coreografias está ao alcance dos estudantes de dança, mas precisa haver critério e a presença do professor é fundamental neste caso."
Bruna Miragaia é sapateadora e coreógrafa. É diretora de sapateado do Studio de Dança Monique Paes, de Jacareí
Bruna Miragaia
"O sapateado está passando por uma evolução no que se diz respeito à técnica. Defendo a linha do sapateado que se mistura a outras áreas da dança, como o jazz, o balé e o contemporâneo"
Christiane Matallo é bailarina, professora e coreógrafa, de Campinas
Christiane Matallo
“Olho para o sapateado como uma solução para uma vida mais feliz! Quero que a humanidade sapateie, porque faz bem para o corpo e para a alma. Quero deixar aqui minha homenagem ao Flávio Salles, que faz um ano de falecimento hoje. Que todos os sapateadores se unam cada vez mais, com alegria e respeito.”
Heber Stalin é bailarino, coreógrafo, diretor geral e fundador da Cia. dos Pés Grandes, no Ceará.
Heber Stalin
"O sapateado é uma arte extremamente sofisticada, uma arte que desperta desejos e paixões. Incomoda-me pensar que seja uma arte elitista. Gosto de pensar o sapateado como um 'possível' a todos. Acho que poderíamos estar fazendo muito mais por esta arte no Brasil, popularizando-a. Gostaria que o compromisso do sapateador brasileiro fosse o próprio sapateado e a perpetuação dele como um 'possível' e não um compromisso pautado em montagem de coreografias para os grandes festivais competitivos."
Juliana Garcia é sapateadora, professora, coreógrafa e diretora do Studio de Sapateado, que leva seu nome em Ribeirão Preto
Juliana Garcia
"Por estar envolvida com esta arte, acredito que esteja em desenvolvimento. A comunidade brasileira de sapateadores poderia, no entanto, ser maior. Dentro e fora do Brasil, a batalha é a mesma. Temos muito a conquistar para viver somente de dança."
Kátia Barão é criadora do método Treinamento e Assessoria para Professores de Sapateado (TAPS) e diretora Promenade, em São Paulo
Kátia Barão
"A dança sofisticou-se no Brasil. Os sapateadores nacionais começaram a usar técnicas lúdicas como percussão corporal. No cenário das aulas, acho que falta mais divulgação por parte da mídia. Para citar um exemplo, o hip hip, que também veio da cultura americana, é muito mais difundido aqui."
Kika Sampaio é professora, coreógrafa e diretora do Kika Tap Center, em São Paulo. É consultora da Revista de Dança
Kika Sampaio
"A cena fora do Brasil é uma eterna batalha. Existe um boom de festivais de sapateado. Há muitos profissionais que hoje só vivem dos seus próprios eventos e de viagens para o exterior. Esta dança sobrevive até hoje devido aos profissionais que lutam, acreditam e amam esta arte tão pouco valorizada aqui no Brasil. Nos Estados Unidos, também não existe o tão sonhado pote de ouro para artistas, mas pessoas que, assim como nós, lutam para sua sobrevivência."
Leandro Neto é sapateador e coreógrafo, de Fortaleza
Leandro Neto
"O sapateado hoje no Brasil está se tornando muito mais popular. Há eventos que falam somente sobre essa arte, difundindo e enriquecendo todos os profissionais que buscam amadurecimento e pensamento sobre o estilo de forma cuidadosa e informativa."
Leonardo Sandoval, sapateador do Rio de Janeiro
Leonardo Sandoval
"O sapateado é uma arte que tem tudo para voltar aos grandes palcos. Nós, sapateadores, temos que nos adequar ao mercado, perceber como nossa arte pode se renovar e se recriar."
Marina Coura é sapateadora, professora e coreógrafa. Diretora da Garagem da Dança e da Cia. de Sapateado Trupe Toe, ambos em Florianópolis.
Marina Coura
“O sapateado hoje está em fase de ascensão. No Brasil, vejo muitos profissionais produzindo novos formatos de espetáculos, novas formas de levar nossa arte ao público. Há também crescimento na técnica e na forma de aprendizagem.”
Renata Defina é professora de sapateado e coreógrafa. Diretora e idealizadora da Cia. de Sapateado Pé na Tábua, de Ribeirão Preto
Renata Defina
"Ao colocar o sapato no pé, todos os problemas desaparecem ou então se transformam em som. Percebo que o Brasil ainda precisa batalhar muito para aumentar o público da dança em teatros nacionais. Público esse que sai de casa para ver dança, sem ser parente de alguém que vai dançar. Então, a popularidade do sapateado caminha junto com a popularidade da dança, que antes era bem mais elitizada."
Samanta Varela é sapateadora, professora e coreógrafa. Diretora de sapateado da Academia Cristina Cará, de São José dos Campos
Samanta Varela
“O mercado está crescendo, assim como o número de praticantes e de profissionais. Mas ainda temos muito que crescer. É preciso abrir outros campos de trabalho, torná-lo mais popular e aprimorar a técnica sempre.”
Steven Harper é sapateador americano e residente no Rio de Janeiro desde 1991. Também é coreógrafo, professor e produtor
Steven Harper
"Vejo a cena atual com curiosidade e confiança. O futuro de nossa arte está em boas mãos. O estilo dominante está mudando, os jovens novamente estão sendo inspirados pela tap dance. Os eventos, como workshops e festivais, estão se multiplicando. Isso vai criar um novo boom."
Susan Baskerville é sapateadora e autora da Cartilha do Tap, de Santos
Susan Baskerville
"Muitos profissionais americanos estão vindo para cá. Há inúmeros cursos. Hoje, grandes sapateadores americanos fazem parte de nosso cotidiano. Sinto, porém, que alguns profissionais da área, que tem como opção lecionar, poderiam se dedicar mais a cursos e a aperfeiçoamentos, afinal há uma lacuna entre ser sapateador e educador."Evento no interior faz homenagem ao Dia Nacional do Sapateado
O projeto Dança: encontros notáveis promove amanhã, dia 26, em Presidente Prudente, a série III do projeto, com a participação da sapateadora Kika Sampaio, diretora do Kika Tap Center, escola pioneira no Brasil especializada em sapateado americano e representante oficial do método de ensino Kahnotation.
No evento que comemora o Dia Nacional do Sapateado, celebrado hoje, a coreógrafa ministra workshop sobre a técnica de sapateado americano, gratuito a profissionais e curiosos.
Em sua terceira edição, o projeto, teve início no dia 12, com Flávio Sampaio, da Escola de Dança Paracuru, Ceará. No dia 19, foi a vez do bailarino e especialista em metodologia e terminologia de
No evento que comemora o Dia Nacional do Sapateado, celebrado hoje, a coreógrafa ministra workshop sobre a técnica de sapateado americano, gratuito a profissionais e curiosos.
Em sua terceira edição, o projeto, teve início no dia 12, com Flávio Sampaio, da Escola de Dança Paracuru, Ceará. No dia 19, foi a vez do bailarino e especialista em metodologia e terminologia de
Foto: divulgação

Kika e alunos, uma das grandes divulgadoras da arte do sapateado no Brasil
balé Sandro Borelli levar sua arte a cidade paulista.
O programa tem como premissa ampliar e consolidar a atuação das Oficinas Culturais do Estado no campo da dança, conforme a consultora Cássia Navas.
O programa tem como premissa ampliar e consolidar a atuação das Oficinas Culturais do Estado no campo da dança, conforme a consultora Cássia Navas.
Dança: encontros notáveis, desde sua criação, conta com a participação de grandes nomes da dança, como Deborah Colker, Henrique Rodovalho, Décio Otero, Marika Gidali, Alexandre Snoop e Caio Nunes. Saiba mais informações sobre o evento.